Apresentação:
A diversidade étnica é uma das marcas do Paraná, que abriga colônias e comunidades de diversas culturas, entre elas estão os ucranianos.
A imigração ucraniana no Brasil começou no final do século XIX e teve três grandes levas até 1952. Calcula-se que o grupo étnico ucraniano e seus descendentes no Brasil somam cerca de 400 mil pessoas, das quais 81% vivem no Paraná. Deste total, estimasse que 100 mil encontram-se na cidade de Curitiba, entre elas está IVÁN BOIKO, que chegou à cidade em 1948.
Ele veio na terceira fase de imigração ucraniana ao Brasil como refugiado de segunda guerra mundial. A sua história de vida impressiona e emociona.
Em 1942 Iván Boiko foi arrancado da Ucrânia e levado pelos nazistas para trabalho forçado na Alemanha, onde permaneceu até 1945. Com o fim da segunda guerra mundial ele não pode retornar à Ucrânia porque os Russos dominaram a Ucrânia novamente e declararam inimigos / traidores todos aqueles cidadãos da então União Soviética que estiveram ajudando na Alemanha, mesmo que em circunstancias como as vividas por Iván Boiko. Se ele retornasse seria morto ou então se tivesse sorte (?), seria preso e enviado para a Sibéria.
Para Iván Boiko sobrou à alternativa de buscar refugio em outro País e ele escolheu o Brasil, mais especificamente, a cidade de Curitiba.
Objetivos:
Pretendemos fazer de forma subjetiva, um estudo etnográfico, sociológico e cultural dos imigrantes ucranianos no Brasil, através da história de vida de Iván Boiko.
Iván Boiko traz a marca da história vivida. É um símbolo de resistência e obstinação.
Os ucranianos são muito ligados aos seus costumes e tradições. Iván Boiko é um componente importante desta cultura no Paraná, mas poucos sabem da sua existência.
No Brasil não existia até a sua vinda nenhum instrumento musical ucraniano.
O patriotismo e o amor a sua cultura de origem, levaram Iván Boiko a fabricar a BANDURA – instrumento musical nacional dos ucranianos.
O documentário terá paralelamente como tema a Bandura. Esse instrumento se relaciona diretamente com a história heróica do povo ucraniano e é uma extensão de Iván Boiko.
Fabricar a Bandura significou uma forma dele se sentir mais próximo do seu país de origem, o qual foi obrigado a abandonar.
A Bandura é espelho da alma ucraniana e Iván Boiko espelha a história deste bravo povo que ajudou a construir o mosaico cultural do Estado do Paraná.
O maior sonho de Iván Boiko, ao qual ele próprio já não tem mais esperanças de realizar, é viajar para a Ucrânia para reencontrar a única pessoa ainda viva da sua família: uma irmã que está com mais de 80 anos de idade e mora atualmente na região de Odessa, no sul da Ucrânia.
Desde que saiu de sua terra natal, quando foi levado pelos alemães, há 78 anos, eles nunca mais se viram.
Iván Boiko nunca conseguiu retornar para a Ucrânia porque não teve condições financeiras para custear a viagem.
Ele também tem o desejo de visitar a Aldeia Rural aonde nasceu e viveu até a sua juventude, na Província de Ternópil, oeste da Ucrânia, para tentar reencontrar algum amigo de juventude, além de ter muita curiosidade em saber como está o local hoje, se a casa aonde nasceu ainda existe, etc.
Queremos proporcionar através deste projeto uma viagem “DE VOLTA PARA O PASSADO” na vida de Iván Boiko, levá-lo até a Ucrânia, passando primeiro pela Alemanha, e documentar todo trajeto, desde a saída do Brasil até a chegada na Ucrânia e o tão sonhado reencontro com a sua irmã em sua terra natal.
Será um ensaio audiovisual focando o universo das narrativas orais (imaginário de Iván Boiko),visuais (paisagens da Ucrânia) e sonoras (através dos sons da Bandura).
Justificativa:
Imigrantes guardam hábitos, tradições e histórias que vivificam, no presente, o passado de um povo.
Iván Boiko será interprete e mediador da consciência e da memória coletiva dos horrores da guerra vividos por esse povo, através das coisas armazenadas em sua mente, alma e coração, que mesmo depois de décadas, permanecem vivas.
A idéia é construir um documentário com imagens e sons que funcionem como canais de acesso a uma experiência do imaginário, que atravessem as simples lembranças de Iván Boiko e cheguem até o nosso imaginário e aos nossos corações também.
É justo que reconheçamos a contribuição de Iván Boiko para a cultura paranaense e brasileira através deste documentário.
A Bandura, assim como as demais manifestações culturais dos ucranianos, integra o patrimônio cultural e imaterial do Paraná e consequentemente do Brasil.
Nada melhor do que ele próprio narre a sua história através deste documentário.
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