quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Minha motivação para fazer o filme IVÁN - DE VOLTA PARA O PASSADO

Em 2005 tive a oportunidade de conhecer Iván Boiko pessoalmente quando da realização de outro filme que produzi e dirigi relacionado à história da imigração ucraniana. Certo dia fui surpreendido em um encontro com Iván Boiko, que bastante emocionado, me entregou dois cadernos manuscritos cheios (em língua ucraniana). São os registros de memória (diários) da sua vida, onde estão retratados os horrores que ele e sua família passaram durante o comunismo soviético e o seu martírio na segunda guerra nas mãos dos nazistas. Confesso que levei um susto com aquilo, minha primeira reação foi recusar e ele então insistiu e disse:



“Ponhei isso aqui no papel desses caderninho, porque non quero que meu história e daqueles outro gente, morra comigo. Foi sido muito triste o que fizeram com nossa gente, olha, ninguém não me acredita. Eu não preciso mais (cadernos) por eu sei tudo que tá escrito. Ta tudo aqui dentro (cabeça). Não preciso mais guarda. Sei que vai tá em mão boa gente e um dia senhor pode quere isso, pra contar pra outros oqueque aconteceu com nóis lá naquele Soviet Union e no Alemanha”.

O argumento resumido é apenas parte do que ali está retratado nos diários. No dia em que recebi esses manuscritos das mãos de Iván Boiko, entendi que também recebi uma missão, qual seja, a de repassar essa história adiante. Quero dar a ele mesmo a oportunidade (ainda em vida) de contar sua própria história e de seu povo para o mundo através desse documentário. Sua história merece ser contada e (re) conhecida. Faz parte do contexto histórico mundial, brasileiro, paranaense e curitibano. 

Felizmente estou tendo a oportunidade de registrar a sua memória viva em tempo e para isso foi imprescindível contar com sensibilidade e apoio do Programa Petrobrás Cultural que está patrocinando o projeto.

14 comentários:

  1. Boa Guto! Agora que vcs partem para a Ucrânia, que tal ir postando também fotos? Boa Viagem!

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  2. GUTO MEU IRMAO ESTOU TORCENTO POR VOCE QUE TUDO DEIXE MUITO CERTO PORQUE VOCE E SUJEITO MARAVILHOSSO MEU AMIGO QUE APRENDI ADIMIRAR VAMOS AINDA FSZER MUITAS COISAS JUNTOS UM GRANDE ABRACO DO CATA...

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  3. Você falou do trabalho em aula, fico muito feliz em vê-lo sendo concretizado, parabéns!
    A história é muito tocante!

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  4. O Barvinok deseja a todos uma boa viagem e muito socesso!
    Um grande abraço

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  5. O Barvinok deseja a todos boa viagem e muito sucesso!
    Um grande abraço

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  6. У 2005 році я мав можливість особисто познайомитися з Іваном Бойко під час роботи над іншиим фільмом, пов'язаниим із історією українського імміграції. Одного разу я був здивований на зустрічі з Іваном Бойко, який зворушено простягнув мені два рукописні зошити українською мовою. Це були щоденники його життя, де були зображені жахи, які він і його сім'я пережили під час комуністичного режиму і його страждання ід час другої світової війни в руках нацистів. Зізнаюся, я був трохи наляканий і моєю першоою реакцією було відмовитися, але він наполіг і пояснив:

    "Виклав усе на папері тому, що не хочу, щоб моя історія, як й інших людей, померла разом зі мною. Було дуже сумним те, що вони зробили з нашими людьми, і що скажеш, ніхто мені не вірить. Вони (щоденники) мені не потрібні більше тому, що я знаю все, що написано. Та все тут, в голові. Не потрібно бути сторожем. Знаю, попадуть в руки добрих людей і в один прекрасний день ви можете його, розповісти іншим, що було з нами в СРСР та Німеччині ".


    В підсумку фільм торкатиметься лише частини того, про щоє оповідалося щоденниках. Тоді, отримавши рукопис із рук Івана Бойка, я зрозумів, що на мене покладалася певна місії - передати цю історію. Таким чином я хочу дати йому можливість (ще за життя), оповісти світу свою власну історію та історію свого народу через цей документальний фільм. Його історія заслуговує на те, щоб бути донесеною до людей. Вона є частиною світового історичного досвіду у контексті Бразилії, Курітіби і Парани.

    На щастя, тепер маю можливість закарбувати його живу пам'ять, що, безумовно, стало можливим завдяки чуйності та підтримці Програми розвитку культурн Національної державної компанії Petrobras, яка є спонсором проекту.


    Traduzido em Ucraniano por Yuliy Tatarchenko

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  7. O nome do artigo em Ucraniano (pOr por diante do texto enviado)

    Чому я берусь за фільм "Іван - повернення в минуле"

    Yuliy

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  8. Embora não o conheça, tive a ocasião de ver e apreciar seu filme documentário sobre a imigração ucraniana. Incentivo-o, portanto, a dar continuidade ao projeto de dar voz a pessoas como o protagonista do seu novo empreendimento, porque representam a emocionante herança coletiva de um povo, de uma história, através de memórias singulares e inéditas, que decerto ajudarão as gerações mais jovens de ucranianos (e não só!) a não esquecer, a conhecer melhor sua própria origem, a intensidade das expereriências daqueles que os precederam no caminho nem sempre fácil da vida.

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  9. Guto,
    Que maravilhoso esse seu novo projeto. Seu Boiko é a história viva de nosso povo. E ao mesmo tempo tão singelo. Apaixonado pela música, o seu trabalho artesanal não tem comparação. Recentemente ele trabalhou no tsembale utilizado na nossa orquestra. Sinto-me grata por termos pessoas tão valorosas em nossa comunidade. Sucesso ao seu novo filme. Att,
    Andrea Sidyr - Grupo Folclórico Ucraniano Poltava

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  10. Parabéns Guto! estarei acompanhando a viagem pelo blog, bom trabalho e até o retorno.

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  11. Boa viagem pessoal!
    Aproveitem muito por aí e cuidem bem do meu dido! :)

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  12. Caro Guto Pasko

    Você tem realmente uma missão.
    Privilégio!
    Com a alma de documentarista que vc mostrou, vai ser realmente um grande filme.
    Boa sorte!

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  13. olá Guto, quando retornar estamsos esperando-te aqui em Maringa para um churrasco e passar um final de semana com a gente, falando do que a gente gosta, que tudo de certo para voce e tua equipe.

    Alvacir Borges

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  14. Meus pais trilharam os mesmos caminhos do Ivan Boiko, que eu gostaria de resumir e compartilhar com você, se você me permite o atrevimento.

    Minha mãe tinha 16 anos quando saiu da Ucrania. A mãe dela, minha avó, não queria que ela fosse para a Alemanha e combinou um casamento para ela com o filho do vizinho. Quando soube disso, minha mãe – muito valente – respondeu: eu vou para a guerra. Um dia, a guerra acaba. A experiência dela na Alemanha foi de deslumbramento:
    foi a primeira vez que ela viu um relógio;
    foi a primeira vez que ela calçou um par de sapatos;
    foi a primeira vez que tomou um banho de chuveiro;
    foi a primeira vez que viu uma torneira e água encanada.
    Até os 16 anos ela nunca imaginou que isto existia. Ela era da Kolomeya e morava num pequeno “ celó”. O primeiro vizinho ficava a muitos quilômetros da casa dela. Ela não pode estudar porque era ucraniana e os bolcheviques não deixavam. Quem a ensinou a ler e escrever foi o padre da aldeia.

    Meu pai conheceu minha mãe na Alemanha, depois da guerra, quando os aliados juntaram os povos que foram trabalhar lá. Meu pai fazia a guarda e minha mãe trabalhava na cozinha, nesse alojamento de refugiados apátridas. Se casaram para poder vir para o Brasil, que não aceitava solteiros. Voltar para a Ucrania eles não poderiam. Eram “traidores”.

    O casamento, para os meus pais, foi para poderem sobreviver e encontrar uma pátria.

    Quando a Alemanha, recentemente, indenizou estes trabalhadores, meu pai não quis receber a indenização. Ele dizia que para ele foi muito melhor trabalhar forçado na Alemanha durante a guerra, do que livre na Ucrania, sob os bolcheviques. Meu marido, que é alemão, foi quem o convenceu a receber a indenização e quem começou todo o processo de comprovação do período que meu pai trabalhou lá. Minha mãe não recebeu nada, porque faleceu muito antes de se falar nisso.

    Eu teria um pedido para fazer para você: fale sobre o Holodomor. É uma tragédia sempre esquecida. Falamos sempre, aos brados, no que os nazistas fizeram contra os judeus mas nunca falamos sobre o que os bolcheviques fizeram com os ucranianos. Por favor, fale nisso com solenidade, com respeito aos que morreram e para mostrar ao mundo o genocídio contra o nosso povo.

    Os ucranianos sofreram tanto nas mãos dos russos que, quando os alemães chegaram eles pensaram que seriam, finalmente, libertados...

    Um grande abraço para você.

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